30 de jan. de 2011

SEU FILHO NÃO GOSTA DE LER?


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Existe uma grande fantasia na cabeça de muitos pais em torno da necessidade dos filhos lerem livros.

Com o processo educacional através da escola, criou-se a demanda de que ler um bom livro é fundamental.

Mas na verdade o que vemos na prática é uma baixa procura por livros e poucos momentos em que os jovens estão retirando do seu cotidiano para ler um livro.

Dizem que se está vendendo mais livros no Brasil, então consequentemente poderíamos imaginar que o brasileiro está lendo mais. Observo que os livros estão sendo comprados pelo Governo para distribuição em escolas, e feliz das editoras que conseguem cair na graça do Governo para processos licitatórios. Mas os livros adquiridos estão empilhados nas bibliotecas, muitos sem sequer terem saído das caixas.

Nas escolas, geralmente o estímulo para leitura surge das disciplinas de Português, Redação, Comunicação, etc. Os alunos são orientados à leitura para posterior prova de conhecimento do livro. A esperteza dos alunos está em ler rascunhos, muitos retirados da internet. Alguns alunos conversam com um ou outro que leu o livro indicado para a prova, e na hora inventam algumas idéias, e por incrível que pareça, tiram nota.

Tempos atrás, um garoto disse-me que tinha certeza que o professor não sabia nada do livro que caia na prova de livros, pois inventou um punhado de baboseiras na prova e tirou 10. Outro aluno disse-me que tinha certeza que a professora não lia nada mesmo, porque cada aluno tinha que escolher um livro, “já pensou, ela ter lido todos?”, conclui o aluno.

Ler livro é sem dúvida uma das melhores maneiras de se forjar um excelente aluno. Há alguns anos um estudante pré-vestibulando, proveniente de uma pequena escola de Goiás, passou nas três principais escolas de engenharia do Brasil, lembro-me de duas – Unicamp e Ita – . Ao ser entrevistado em um programa televisivo, para falar de sua proeza, o rapaz disse que o segredo do seu sucesso educacional estava no hábito de ler livros com freqüência. Relatou que chegava a ler de 5 a 6 livros por mês. Este hábito, adquiriu por ver seus pais lerem muito também, desde pequeno.

Olha aí, enquanto os pais estão preocupados em fazer os filhos lerem, nesta experiência citada, os pais já eram leitores. Desta forma, a melhor forma de se fazer um filho ter o hábito de ler, é serem leitores, independentemente se o filho está sendo. Ambiente de pais leitores, nascem filhos leitores.

Da mesa forma, com os professores. Acredito que são poucos os professores que lêem como hábito pessoal – como se estivesse escovando os dentes -. Não convence ninguém a uma prática, se não possue a prática. Muitos professores vão dizer, “não tenho tempo, dou muita aula…”, os que têm o hábito de leitura, lêem de qualquer forma, em qualquer lugar.

Minha irmã Janete, tinha as manias educacionais dela, nas férias escolares, separava livros para cada filho ler e fazer um rascunho para ela. Lembro-me que alguns familiares e até professores vinham com o discurso para ela de que a leitura tinha que ser introduzida de forma construtiva e prazerosa. Ela retrucava dizendo que ai! se eles não lessem. Hoje, todos os filhos dela estão ou passaram por Universidade Pública, a minha sobrinha Ana Alice está cursando Psicologia em Londrina, e ao conversar com ela observo que é uma excelente estudante, está lendo muito mais do que o próprio curso propõe.

Tenho insistido com as escolas para deixarem de lado as múltiplas tarefas e trabalhos educacionais para a casa. Se no lugar colocassem muitos livros para os alunos lerem, com mecanismos inteligentes de se medir o nível de leitura desenvolvida pelos alunos, com certeza o resultado educacional dos alunos seria bem melhor. Vemos a prova do ENEM, nela o aluno precisa interpretar as questões, e muitas respostas estão na própria questão. Os vestibulares inteligentes, estão exigindo muita interpretação dos candidatos, mais do que conhecimento e decoreba. Só alunos com muita leitura de livros conseguirão ter proeza nos resultados de grandes vestibulares.

O Brasil é sem dúvida subdesenvolvido no item livros. E subdesenvolvido está no incentivo à leitura. Nas casas dos brasileiros de classe alta, pouco se vê espaço para biblioteca, mas vemos muitos banheiros e cozinhas grandes; imaginem como é nas casas das camadas populares, onde nem espaço para dormir se têm.

Ver pais leitores em uma população de aproximadamente 70% de leitores funcionais, que só entendem a leitura básica, é um caminho longe de se ver resultados. Conseqüentemente, a cultura de cidadãos leitores é um processo para outros 500 anos.

Mesmo assim é possível fazermos desabrochar leitores em condições desfavoráveis para isto. É o caso de Dona Rosinha, mãe analfabeta, que pedia para os filhos lerem livros de história para ela, também romances e enciclopédias. Os seus quatro filhos são doutores formados em Universidades públicas, e com certeza ela é uma analfabeta só de conceito.

Fonte: http://blog.cancaonova.com/pensandobem

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